sexta-feira, 2 de julho de 2021

MÃES FALAM NA CPI DAS CRIANÇAS DESAPARECIDAS RJ

       


"A CPI das Crianças Desaparecidas, em sua terceira reunião ordinária, ouviu, no dia 1/7/2021, as mães de menores que estão com o paradeiro ignorado. Luciene Pimenta Torres, Lúcia Helena Fernandes, Flávia Cristina Nunes, Neli Adriana da Silva e Helena Elza de Figueiredo da Silva foram as mães que compareceram à reunião".



    A CPI das Crianças Desaparecidas, em sua 3ª reunião ordinária, ouviu, no dia 1/7/2021, as mães de menores que estão com o paradeiro ignorado. Luciene Pimenta Torres, Lucia Helena Fernandes, Flávia Cristina Nunes, Neli Adriana da Silva e Helena Elza de Figueiredo da Silva foram as mães que compareceram à reunião. O convite também incluiu as mães dos  3 meninos de Belford Roxo, porém elas não puderam comparecer, devido a um compromisso na DHBF, delegacia que está à frente das investigações do desaparecimento das crianças.  




      A deputada Renata Souza (PSOL), vice-presidente da comissão, presidiu a reunião. O presidente, deputado Alexandre Knoploch (PSL), estava ausente. Ele foi à DHBF, acompanhando as mães dos meninos de Belford Roxo. Também estava presente na reunião da CPI  o relator, deputado Danniel Librelon (REP), que  ressaltou em suas considerações iniciais a "triste realidade" vivenciada pelas mães que ali se encontravam e dirigiu-se a elas dizendo: "Quero cumprimentar a todas e fazer, também, com que através dessa CPI  a voz de cada uma das senhoras aqui presentes venham a ser ouvidas  e que possamos também entender de que forma nós possamos traçar metas, objetivos, através da CPI, para auxiliar todas as mães que necessitam do nosso apoio". 




 Luciene Torres, presidente do Instituto Mães Virtuosas do Brasil, mãe de Luciane Torres da Silva, 8 anos, desaparecida em 2009, foi a primeira convidada a depor. Ela expôs a falta de dignidade com a qual foi tratada pelo delegado encarregado do caso. Disse que ele  priorizou o roubo de um carro, deixando em segundo plano o desaparecimento de sua filha. Também citou o não cumprimento da Lei da Busca Imediata - 11259/05 - , destacando que esta não foi cumprida no caso dos 3 meninos desaparecidos em Belford Roxo.  A subnotificação de pessoas desaparecidas foi outro ponto incluído na explanação de Luciene. Os mais 84 mil desaparecidos, registrados oficialmente, são apenas parte de um universo estimado em mais de 100 mil pessoas com o paradeiro ignorado. O relato foi encerrado com um apelo pela implantação do Alerta Pri.




    Além de Luciene Torres, as outras mães também expuseram aos deputados o drama pelo qual passam.  As palavras  de cada uma delas foram ao encontro do relato de Luciene, no que diz respeito ao descaso das autoridades, considerando as investigações e as dificuldades para apurar os desaparecimentos, devido à lentidão e à falta de empenho por parte dos encarregados em apurar o que, de fato, aconteceu nas ocorrências envolvendo crianças e adolescentes desaparecidos. Estes pontos comuns em todos os casos de desaparecimento de menores foi comentado por Lúcia Helena Fernandes, mãe de Lucas Fernandes, desaparecido em 2015, aos 16 anos. Ela disse: "...relatos de mãe que são a mesma coisa, não muda. Sabe? A gente escuta outras mães, mas é sempre a mesma coisa".  




    Helena Elza de Figueiredo da Silva contou o seu drama aos membros da comissão. Em 2006, teve a filha de 9 anos sequestrada, abusada e morta. Investigou por conta própria o desaparecimento da criança, diante da orientação da polícia para que ela encontrasse novas pistas. Hoje o sequestrador está preso. A situação mexeu com o psicológico de toda a família. O relato foi semelhante aos fatos descritos pelas outras mães. Porém Helena levantou uma possibilidade importantíssima para a causa dos desaparecidos. Propõe que o desaparecimento seja visto como um crime, conforme afirmou na CPI: "Hoje eu digo a vocês. Primeiro passo, que é muito importante. Transformar o desaparecimento em crime, porque ele é um crime blindado, invisível. Ele é um crime. Eu posso afirmar a vocês". Ela também acrescentou: "Na delegacia, eles já sabem que não é um crime. É um fenômeno. Então eles, com todo o respeito, não tão nem aí".




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