"O passar do tempo aliado a um processo investigativo que corre baseado em pistas, que as famílias fornecem à polícia, levam à falta de resultado. O fato não é surpreendente, pois uma mãe, abalada pelo sumiço repentino do filho, está longe de ter condições de exercer a função de "investigadora"."
O fato de algumas crianças desaparecerem sem deixar rastros expõe erro no processo investigativo ou trata-se de um suposto sequestro considerado um crime "perfeito"? Vale destacar que as investigações já começam em desvantagem. As primeiras 72 horas são essenciais no que diz respeito a pistas, mas as apurações são iniciadas posteriormente. Esta demora prejudica significativamente o processo, somando-se ao descaso dos órgãos competentes, conforme as declarações de vários familiares de crianças desaparecidas relatadas ao @ccdesap. Um ponto que atrasa ainda mais os trabalhos de apuração é o "mito das 24 horas", um desrespeito de autoridades à Lei da Busca Imediata.
O passar do tempo aliado a um processo investigativo que corre baseado em pistas, que as famílias fornecem à polícia, levam à falta de resultado. O fato não é surpreendente, pois uma mãe, abalada pelo sumiço repentino do filho, está longe de ter condições de exercer a função de "investigadora". As informações das famílias acabam se esgotando. Se a polícia não consegue seguir adiante, através de dados obtidos por meio de relatos de pessoas próximas ao desaparecido, infelizmente, a investigação ficará parada e a tendência é que em seguida o caso seja fechado. Pior do que o fechamento do inquérito é a conclusão de uma investigação que aponta para a suposta morte da criança desaparecida, mesmo sem a localização do corpo. O @ccdesap levantou 2 casos, no Rio e Janeiro e em Goiás, que retratam esta situação.
Vitória Nunes Barcellos dos Santos desapareceu em 9/1/2015, no Rio de Janeiro, bairro de Benfica, aos 3 anos. O caso foi abordado pelo @ccdesap nas postagens "O Desaparecimento de Vitória" (2015), "CasoVitória Nunes Barcellos dos Santos" (2020) e "Vitória Nunes Barcellos dos Santos: Investigações Encerradas" (2021). A criança foi dada como morta pela polícia. As investigações da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) concluíram que a menina caiu em um rio e se afogou. O fato é que nada comprova este desfecho. A delegada Hellen Souto comunicou o encerramento do caso, apontando a suposta morte de Vitória. Ela afirmou que dificilmente erra em uma investigação, segundo declaração de Flávia Cristina Nunes Barcellos, mãe da criança. Flávia também expôs ao @ccdesap como se sentiu: " Isso me deixou destruída. Como uma profissional afirma uma coisa sem ter provas? Foi desumano o que ela fez. Até hoje buscamos por nós mesmos resposta".
Em Aparecida de Goiânia, Goiás, Murilo Soares, desaparecido em 22/4/2005, aos 12 anos, também foi dado como morto. A mãe, Maria das Graças Soares, recebeu a certidão de óbito do menino em 2019, mesmo sem a comprovação da morte. "Eu nunca desisti do meu filho", disse ela à reportagem do site G1. Murilo estava em um carro, acompanhando um amigo da família, Paulo Sérgio Pereira Rodrigues, 21 anos. O adulto tinha passagem por homicídio. Segundo testemunhas, o veículo dirigido por Paulo Sérgio foi parado por policiais da ROTAM. O motorista e o menor foram levados pelos PMs em uma viatura. A partir daí, não foram mais vistos. O automóvel de Paulo Sérgio foi encontrado queimado no dia seguinte. Não havia corpos. Os 8 policiais envolvidos foram presos, mas depois soltos por falta de provas. O inquérito foi arquivado. O Ministério Público de Goiás (MPGO) se pronunciou sobre o caso em nota. Considerou a reabertura das investigações, desde que sejam apresentados novos elementos.
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