quinta-feira, 15 de outubro de 2015

A SOLUÇÃO DO DESAPARECIMENTO DE UMA CRIANÇA NÃO É O FINAL DA HISTÓRIA

     


   O aparente final feliz de um caso de desaparecimento infantil é o primeiro dia da nova existência dos envolvidos no caso. Os efeitos da ocorrência acarretam em traumas que devem ser tratados com auxílio médico e psicológico. Há setores específicos para prestar este tipo de atendimento. Delegacias especializadas, como a DDPA do Rio de Janeiro, e entidades como a  Mães da Sé, por exemplo, disponibilizam atendimento psiquiátrico  às mães e aos demais membros das famílias atingidas pelo desaparecimento infantil.




     O êxito nas investigações policiais, resultando no retorno de uma criança desaparecida ao lar não significa que as sequelas deixadas pelo desaparecimento repentino sejam apagadas, esquecidas, permitindo que a família volte ao cotidiano normal, conforme era no período anterior ao sumiço. É certo que a vida não será mais a mesma. A situação atípica, a perda de um filho, mesmo que  temporária,  pode gerar resultados devastadores no seio familiar. Separações, problemas de saúde, provenientes da forte pressão emocional, são elementos prejudiciais, infelizmente, em algumas oportunidades irreversíveis, que trazem à tona uma nova realidade composta por experiências jamais imaginadas pela criança que foi vítima de desaparecimento e seus familiares.

       


     O aparente final feliz de um caso de desaparecimento infantil é o primeiro dia da nova existência dos envolvidos no caso. Os efeitos da ocorrência acarretam em traumas que devem ser tratados com auxílio médico e psicológico. Há setores específicos para prestar este tipo de atendimento. Delegacias especializadas, como a DDPA do Rio de Janeiro, e entidades como a  Mães da Sé, por exemplo, disponibilizam atendimento psiquiátrico  às mães e aos demais membros das famílias atingidas pelo desaparecimento infantil. Vale destacar que no caso da Mães da Sé, o auxílio psicológico se estende ao período posterior ao desaparecimento.  As  crianças que retornaram ao lar, após um período distante, e suas mães são o foco deste trabalho.




   A questão é  possibilitar que o decorrer da vida destas pessoas flua, normalmente, dentro do cenário que o quadro apresenta, tentando, ao menos, amenizar os danos causados pelo período de desaparecimento, sem prejudicar a qualidade de vida dos familiares, principalmente da mãe, e da criança que retornou ao lar. O objetivo é impedir que o fato isolado do desaparecimento atinja maiores proporções, desencadeando em outras consequências nocivas ao núcleo familiar. Além do providencial auxílio psicológico, também será muito bem-vindo, caso sejam disponibilizados, os serviços de advogados e assistentes sociais. Estes profissionais, em suas respectivas áreas de atuação, seriam importantes para a reorganização familiar, através de auxílio jurídico e  acompanhamento familiar, buscando equilibrar, ainda mais, o processo de reestruturação familiar em andamento.

   



     É importante ressaltar que  as reações de cada indivíduo aos auxílios específicos, oferecidos após a solução do caso de desaparecimento, são variadas. Cada pessoa e cada ocorrência têm a sua particularidade. Um acontecimento sempre difere do outro, assim como a forma de cada um dos envolvidos absorverem o impacto de uma perda repentina, mesmo que temporária. Diante desta realidade,  o progresso resultante do trabalho realizado vai depender, essencialmente, da receptividade dos envolvidos, destacando-se as figuras da mãe, a referência familiar,  e do filho, vítima de desaparecimento que retornou ao lar. A reorganização, baseada no acompanhamento familiar, em termos emocionais e no contexto material,  têm o seu êxito ligado ao comprometimento das pessoas que foram atingidas pelo drama do desaparecimento infantil com elas mesmas e com quem as cerca. A resposta positiva à assistência prestada tem como consequência natural a recuperação, mesmo que parcial, da qualidade de vida familiar.

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