"Uma ação marcante era o encontro mensal na praça Marechal Floriano, centro do Rio. Todas as segundas quintas-feiras do mês, as mães estavam presentes na escadaria da Câmara dos Vereadores".
Luciene Torres, presidente do Instituto Mães Virtuosas do Brasil, destaca que os movimentos de rua , hoje prejudicados pela pandemia, têm relevância para o contexto da causa dos desaparecidos, permitindo que as mães levem ao público pessoalmente o drama pelo qual passam. Uma ação marcante era o encontro mensal na praça Marechal Floriano, centro do Rio. Todas as segundas quintas-feiras do mês, as mães estavam presentes na escadaria da Câmara dos Vereadores. Mesmo com a realização deste trabalho, além da exposição contínua dos casos na internet e a abordagem em veículos e comunicação, muitos ainda ignoram estas ocorrências, ficando à parte de uma situação que atinge um número de pessoas mais elevado do que apontam as estimativas registradas .
Os encontros em frente à Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, na Cinelândia, atraem a atenção de pessoas que têm familiares desaparecidos e sequer registraram o sumiço dos entes queridos, ignorando os procedimentos a serem tomados diante de um quadro de desaparecimento. Daí o trabalho de conscientização do Instituto Mães Virtuosas vem à tona, indo além da divulgação. A questão é mostrar a realidade das mães de desaparecidos, além de prestar-lhes assistência no que for possível, inclusive em termos psicológicos, e orientar as ações destas, envolvidas de maneira inesperada em uma situação desesperadora: o desaparecimento de um filho.
O evento das mães atrai a atenção do público em geral. Os estudantes, por exemplo, demonstram interesse pelo assunto e se aproximam em busca de informações. Várias pessoas chegam perto para expor que também possuem parentes desaparecidos. O mais surpreendente é que o trabalho das mães não fica restrito apenas ao público local. Vai muito mais além.Também chama a atenção de pessoas do exterior. O centro do Rio é um local de circulação intensa de turistas. Muitos deles se interessam em saber sobre os casos de desaparecimentos, mostrando-se receptivos à causa.
A estrutura das reuniões na Cinelândia conta com o auxílio da Câmara Municipal. Na casa há políticos ligados à causa, como a vereadora Tânia Bastos (PRB), que conseguiu autorização para o movimento ser realizado nas escadarias do prédio. Ela, que é madrinha do movimento das mães, também cedeu uma sala para o armazenamento dos materiais de divulgação e disponibilizava o café da manhã antes do começo da ação pelos desaparecidos. Luciene disse ao @ccdesap que o acesso das mães à Câmara é liberado para o uso dos banheiros e bebedouros. Os vereadores também providenciaram a tenda para que as manifestantes não ficassem ao tempo e tivessem onde guardar seus pertences. O tratamento do legislativo mostra um contraste em relação às denúncias de descaso de autoridades competentes nos processos investigativos que envolvem os trabalhos de busca e localização de desaparecidos, incluindo as crianças.
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