segunda-feira, 17 de maio de 2021

MÃES VIRTUOSAS: HISTÓRIA

    


 O Instituto Mães Virtuosas do Brasil foi fundado há três anos. Busca suprir, principalmente, a necessidade das mães de desaparecidos, atuando na divulgação dos casos e no apoio às famílias - também amparadas pela FIA -,  focando não só as mães, como também pais, irmãos e avós. Este suporte é fundamental, pois o desaparecimento de um filho gera conflitos familiares e quadros depressivos, resultando até na separação de casais. Trata-se de um sofrimento que não fica restrito à mãe. A presidente do Mães Virtuosas, Luciene Torres, falou ao @ccdesap sobre a relevância de expor aos envolvidos que o sofrimento atinge os demais familiares: "Eu tento mostrar no grupo das mães o quanto é importante a gente também saber reconhecer que o nosso companheiro também está sofrendo o tanto quanto a gente". 



    Luciene Pimenta Torres disse ao @ccdesap que as dificuldades financeiras fazem parte do cotidiano dos familiares de desaparecidos. Expôs que as mães passam pelo dilema de continuar no emprego ou procurar o filho desaparecido. A busca pela criança geralmente é a opção escolhida. Ela atribui isto ao descaso das autoridades e afirma: "A gente tem uma polícia que não olha o desaparecimento com carinho.  A gente não encontra um acolhimento dentro das delegacias. A gente tem que buscar pista, a gente tem que fazer tudo e a gente também acaba ficando em um beco sem saída, porque a gente não é detetive, não é investigadora". 



    Outro ponto destacado pela presidente do Instituto Mães Virtuosas do Brasil é o não cumprimento da  Lei da Busca Imediata - 11.259/05 -. Várias denúncias de famílias de desaparecidos chamam a atenção para esta irregularidade, conforme foi mostrado na postagem "Lei da Busca Imediata", publicada pelo @ccdesap em fevereiro deste ano. Luciene critica o procedimento adotado pela polícia em declaração feita ao jornal O Dia: " As famílias dos desaparecidos continuam vítimas de atendimentos precários e descasos nas delegacias, que continuam reproduzindo o mito das 24 horas".   




     Quanto à ajuda psicológica, o grupo das mães no Whatsapp  tem entre os integrantes psicólogos que realizam os atendimentos através do aplicativo. Em determinados momentos, a fronteira entre a ação pela causa e a depressão é tênue. Daí a necessidade do auxílio de um profissional. Sobre esta situação, Luciene afirma: "Ou segura essa bandeira e vai para as ruas ou fica em uma cama deprimida. Eu escolhi a primeira opção. Então eu tenho tentado fazer este trabalho com as mães, de resgate de autoestima, e acima de tudo que elas entendam que precisam ser vistas para serem lembradas".




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