O desamparo da família de Lukas demonstra o quanto o Brasil ainda precisa evoluir no que diz respeito à assistência prestada aos familiares de desaparecidos. Tanto em âmbito estadual como em âmbito federal é preciso dar um suporte às pessoas que passam a lidar com este quadro atípico, ter um parente desaparecido, por meio de programas de grande abrangência que envolvam não só a estrutura dos trabalhos investigativos, como também o auxílio psicológico e até social aos envolvidos neste drama.
Lukas Wesley da Silva desapareceu, aos 3 anos, em 23/09/2012, no bairro Jardim Tango, em São Paulo. Ele desapareceu enquanto seguia, sozinho, da casa de sua mãe para a casa da tia. Os endereços são próximos, a distância é menor do que 30 metros, localizados na mesma calçada. O desaparecimento ocorreu por volta das 19 horas de um domingo. Sem câmeras de segurança na vizinhança, as dúvidas sobre o destino do garoto aumentam. Um menor de idade, 12 anos, que foi visto por uma testemunha acompanhando Lukas, foi pego pela polícia e confessou ter matado a criança. Também disse que jogou o corpo em um córrego. O cadáver, até então, não foi encontrado. Além disto, o suposto assassino afirmou em depoimento que abusou sexualmente de Lukas. A mãe da criança desaparecida, Cíntia da Silva Barbosa, contesta este relato, pois o jovem apontado como culpado tem problemas mentais.
Cíntia acredita que o filho foi sequestrado e vendido. Através de uma denúncia, tomou ciência de que o garoto Lukas foi entregue a uma mulher, conhecida como Severina, para ser negociado. Segundo ela, a polícia não demonstrou empenho nas buscas, chegando ao ponto de tentar se inteirar do caso por meio de informações obtidas junto a familiares de Lukas, quando estes se dirigiam à delegacia para saber novidades sobre as investigações, surpreendentemente, já arquivadas. A situação gerou protestos da família. A página Queremos Lukas Wesley da Silva de Volta , espaço dedicado ao caso Lukas, expõe várias reclamações e questionamentos sobre esta atitude. A indiferença das autoridades faz a mãe da criança sentir-se injustiçada. Em relação aos policiais, ela diz: "Eles não fazem nada para ajudar a gente."
Diante do entrave nas investigações, Cíntia chegou a escrever, via e-mail, para a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo e para o Ministério Público de São Paulo pedindo a reabertura do caso de seu filho. A mensagem - publicada no site do Desaparecidos do Brasil - possui várias contestações em relação ao arquivamento do caso Lukas Wesley, argumentando, por meio de uma longa explanação, que este procedimento não foi uma atitude correta. Em um dos pontos a mãe do menor desaparecido cita o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e destaca a Lei da Busca |Imediata. Infelizmente, nenhuma providência foi tomada e o caso continua arquivado. A polícia leva em consideração a versão que dá o menino como morto, embora o corpo não tenha sido encontrado.
O desamparo da família de Lukas demonstra o quanto o Brasil ainda precisa evoluir no que diz respeito à assistência prestada aos familiares de desaparecidos. Tanto em âmbito estadual como em âmbito federal é preciso dar um suporte às pessoas que passam a lidar com este quadro atípico, ter um parente desaparecido, por meio de programas de grande abrangência que envolvam não só a estrutura dos trabalhos investigativos, como também o auxílio psicológico e até social aos envolvidos neste drama. Vale destacar que os casos de desaparecimentos que incluem crianças, merecem uma atenção maior, a partir do momento em que a vítima apresenta uma estrutura física mais frágil, limitando as suas alternativas de defesa contra um agressor mais forte. Por isto, a agilidade por parte da polícia é essencial ao extremo para aumentar as chances de êxito nas investigações.
*Próxima atualização, quinta-feira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário