"Vários erros de investigação comprometeram o êxito do caso das crianças do Planalto. Ainda em 2012, Márcio Delgado - ele é um dos delegados que já esteve à frente das investigações – declarou que a passagem de tempo comprometeu provas importantes que seriam fundamentais para solucionar o mistério."
O bairro do Planalto,
localizado em Natal, Rio Grande do Norte, foi palco de um dos casos mais
marcantes na história da crônica policial brasileira, envolvendo o
desaparecimento de crianças. Vários menores foram retirados de casa, enquanto
dormiam, entre os anos de 1998 e 2001. Ao todo foram cinco crianças que
desapareceram. Moisés Alves da Silva – desaparecido,com apenas 1 ano, em 29 de
novembro de 1998 - , Joseane Pereira dos Santos –desaparecida aos 8 anos, em 30
de janeiro de 1999 - , Yure Tomé Ribeiro –desaparecido, aos 2 anos, em 4
de janeiro de 2000 – Gilson Lima da Silva -
desaparecido, aos 2 anos, em 9 de abril de 2000 - e Marília Silva Gomes – desaparecida, aos
2 anos, em 21 de dezembro de 2001 -.
As investigações apontam que o tráfico de crianças foi a causa dos sequestros no bairro do Planalto.Por isto, membros da CPI do Tráfico Nacional e Internacional de Pessoas do Senado, liderados pela senadora Vanessa Graziotin( PcdoB / AM), presidente da comissão, estiveram em Natal por 2 vezes. Em 3 de dezembro de 2012, realizaram a segunda audiência pública na Assembleia Legislativa do estado. Familiares das crianças desaparecidas participaram do evento, assim como várias autoridades do estado ligadas à segurança. O então secretário de segurança pública, Aldair da Rocha, estava presente. O foco era encontrar um caminho para a elucidação dos desaparecimentos. Cobranças foram feitas à polícia local, pois não havia respostas sobre o caso, apesar da reabertura do inquérito em 2011. Outros pontos abordados foram a inclusão da Polícia Federal nas investigações e a transferência do caso para a Delegacia de Capturas (Decap).
Em março de 2014, a Igreja, impulsionada pelo tema da Campanha da Fraternidade da época – tráfico de pessoas – exigiu uma conclusão para o caso das crianças do Planalto. O desaparecimento dos menores foi lembrado em um cerimônia na Paróquia do Planalto, bairro em que ocorreram os sequestros. O encontro contou com a presença de parentes dos desparecidos. A secretária da Campanha católica no Rio Grande do Norte, Tafnes Nóbrega, declarou: “Como o tema deste ano é fraternidade e tráfico humano, a Igreja Católica está cobrando uma solução para o caso.” O apelo da instituição não adiantou. Até então, as crianças envolvidas neste mistério permanecem com os paradeiros ignorados. A única novidade em relação ao fato foi a divulgação, por parte da polícia, de uma foto atualizada da menina Joseane Pereira dos Santos.
Vários erros de investigação comprometeram o êxito do caso das crianças do Planalto. Ainda em 2012, Márcio Delgado - ele é um dos delegados que já esteve à frente das investigações – declarou que a passagem de tempo comprometeu provas importantes que seriam fundamentais para solucionar o mistério. Até depoimentos foram perdidos. Muitas testemunhas morreram. Os erros cometidos no início das investigações dificultaram ainda mais o fechamento do caso. O policial ressaltou que um casal considerado suspeito – o americano Jefrey Allan Preuuz e a brasileira Arlete Cury Mahs - não teve a suposta participação nos sequestros apurada. Os investigadores não trabalharam com esta possibilidade. A falta de estrutura da polícia e o descaso dos governos também foram lembrados como fatores prejudiciais ao desenvolvimento das investigações do caso, até hoje sem solução.
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