sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

POLICIAL ARTISTA

              







 A criação de Carlos Valadão trouxe perspectivas favoráveis para ocorrências até então insolúveis. Familiares têm a oportunidade de ver imagens de crianças desaparecidas, há anos, já na fase adulta. As projeções geram muita emoção, principalmente, nas mães.





    Em relação ao contexto que envolve o desaparecimento de pessoas no Brasil  predomina um cenário em que se destacam as adversidades. As carências das investigações  que visam localizar o paradeiro de desaparecidos no Brasil são públicas e notórias. dificultam o trabalho de profissionais atuantes no processo investigativo. Membros da área de segurança, na maioria das vezes, não por falta de empenho, mas sim por ausência de estrutura, veem a morosidade e  pior do que isto, a estagnação dos trâmites que viabilizam a elucidação de inúmeras ocorrências, envolvendo inclusive os casos de desaparecimento infantil.   





           
           Cientes deste quadro adverso, policiais civis da Delegacia de Descoberta de Paradeiros do Rio de Janeiro - DDPA - contam com um  recurso exclusivo capaz de agilizar as ações investigativas. Trata-se de um programa de computador que cria imagens envelhecidas de pessoas desaparecidas há um longo espaço de tempo, revelando, com precisão, suas prováveis aparências atuais. A ferramenta é utilizada pelo Núcleo de Envelhecimento da delegacia especializada. 














           É interessante ressaltar que este programa teve na arte a sua principal fonte de inspiração. A prova disto é que o software foi desenvolvido pelo inspetor Carlos Valadão. O artista forense, conforme faz questão de ser chamado, tem 53 anos e é graduado pela Escola Nacional de Belas Artes da UFRJ. Começou na profissão desenhando retratos falados. Possui 28 anos de experiência. Apesar do recurso digital, incluindo também o uso do Photoshop,  o artista permanece fiel ao lápis, à borracha e às  fotografias, usadas como referência. O trabalho é tão minucioso que Valadão recorreu até ao banco de dados da Polícia Federal - Hórus -  para auxiliar na elaboração do programa de envelhecimento da DDPA. Este knowhow foi relevante para fazer da arte  uma aliada essencial na busca por pessoas desaparecidas.














 A criação de Carlos Valadão trouxe perspectivas favoráveis para ocorrências até então insolúveis. Familiares têm a oportunidade de ver imagens de crianças desaparecidas, há anos, já na fase adulta. As projeções geram muita emoção, principalmente, nas mães. O relato de Lenivanda de Souza Andrade sobre a filha Gisela Andrade de Jesus, expõe a situação. Ela disse em matéria publicada no jornal O Globo em 16/05/2015: Olha só como ela está linda! Minha menininha! Está a cara da mãe!  Fotos de  parentes próximos e até entrevistas com estes, buscando traços físicos comuns da família, são dados importantes para a composição dos trabalhos. Inicialmente, a ferramenta será usada para ajudar na investigação de  16 casos, classificados pela delegada titular da DDPA, Elen Souto,  como "casos enigmáticos". Ela refere-se ao sumiço de meninas e adolescentes que desapareceram, no Rio de Janeiro, na década passada. 

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