"Levando-se em conta o caso do menino Pedrinho, o espaço para a sequestradora agir foi ocasionado por um erro no sistema de segurança da maternidade. O fato chama a atenção para a responsabilidade dos hospitais, públicos ou particulares, expondo a necessidade de uma segurança mais rígida, garantindo a integridade das crianças que, naquele momento, estão sob os cuidados da instituição."
O Brasil possui vários casos sem solução
de crianças desaparecidas. Muitas ocorrências permanecem em aberto por um longo
tempo. As incertezas em relação aos familiares de paradeiro ignorado, geradoras
de muito sofrimento, persistem por 10, 15, 20 anos. Em determinadas situações,
duram a vida inteira. Porém o passar do tempo não quer dizer que o caso siga,
eternamente, no caminho das dúvidas. Algumas histórias de crianças
desaparecidas chegaram a um final feliz
anos após o sumiço. O caso de Pedro Rosalino Braule Pinto , o Pedrinho, é um
exemplo disto. O menino foi localizado, com vida, 16 anos após seu
desaparecimento. Ele foi vítima de sequestro na maternidade. Os pais jamais
desistiram de encontrá-lo.
Em 21 de janeiro de 1986, por volta das
13 horas, no hospital Santa Lúcia, em Brasília, o recém –nascido Pedro Rosalino
Braule Pinto foi levado por uma
mulher do quarto em que estava com a
mãe, Maria Auxiliadora Braule. A estranha se identificou como funcionária do
local e desapareceu com a criança. Várias suspeitas foram interrogadas. As
investigações chegaram a 12 meninos que poderiam ser Pedrinho. Alarme falso! As
pistas reais surgiram em 2002. Uma denunciante anônima, que acionou o SOS
Criança de Brasília, apontava Osvaldo Martins como Pedro Rosalino Braule Pinto.
A anônima afirmou que Pedro vivia em Goiás. Ela sabia sobre a origem incerta do
menino. A polícia do DF foi a Goiânia e
constatou, via fotografias e vídeos, a semelhança da criança com os pais
biológicos. As investigações apuraram que Vilma Martins a mãe adotiva de
Pedrinho, era a seqüestradora. A
empresária foi condenada pela subtração de Pedro e Aparecida Fernanda, outra
filha fruto de sequestro, em 2003, à pena de 15 anos e 9 meses de prisão. O
jovem retornou à casa dos pais – Maria Auxiliadora Braule e Jayro Tapajós - ,
em Brasília, tempos depois.
Pedro superou os problemas do sequestro.
Buscou ter uma vida normal. Hoje, aos 29 anos, é advogado pós-graduado em
direito. Ele vive em Brasília com a mulher e o filho. O rapaz mantém contato
com os pais e irmãos biológicos, compensando a ausência de muitos anos, sentida
apenas pela família, a partir do momento em que o menino, vítima de sequestro,
ignorava a própria história. Mesmo ciente dos fatos que o afastaram por um
longo tempo de casa, ele não deixou a família adotiva para trás. Em 2012, aos 26 anos, Pedro declarou ao
Correio Braziliense que ainda mantém contato com a sequestradora Vilma Martins
e com os “irmãos” de Goiás. Disse que
visitava os parentes de 2 em 2 meses. O advogado reconheceu que os pais
biológicos, embora não interfiram em suas escolhas, não gostam do contato entre
ele e a mãe postiça.
A cada 11 minutos desaparece uma
criança no Brasil. O mínimo descuido dos pais, por não cogitarem a hipótese dos
filhos serem alvo de seqüestradores, pedófilos e maníacos assassinos, facilita
as ações criminosas ligadas ao desaparecimento infantil. Levando-se em conta o
caso do menino Pedrinho, o espaço para a sequestradora agir foi ocasionado por
um erro no sistema de segurança da maternidade. O fato chama a atenção para a
responsabilidade dos hospitais, públicos ou particulares, expondo a necessidade
de uma segurança mais rígida, garantindo a integridade das crianças que,
naquele momento, estão sob os cuidados da instituição. Algumas medidas estão
sendo tomadas tem relação a este problema. No Rio, o governo estadual desenvolveu,
em 2014, o projeto Novo Cidadão, que emite RG para recém-nascidos ainda na
maternidade. O objetivo é localizar crianças desaparecidas e proteger os bebês
de sequestros.
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