"O Alerta Amber não foi adotado por aqui, mesmo
diante dos 40.000 desaparecimentos de crianças por ano. Os apelos populares
pela implantação do sistema em território brasileiro existem, principalmente, por parte das famílias de crianças e adolescentes desaparecidos, mas os projetos não saem do
papel."
Os
Estados Unidos possuem inúmeras ocorrências
de desaparecimento infantil. Vários destes casos ganharam notoriedade
nacional e até mundial. Entre as crianças desaparecidas mais citadas, aparece Amber Hagerman. Ela tinha 9 anos de
idade, quando foi sequestrada em janeiro de 1996 , no Texas. A menina, segundo
o relato da única testemunha, Jim Kevil, foi
arrastada por um homem para dentro de uma pick-up. Amber ficou
desaparecida por 4 dias. As buscas chegaram ao fim, quando o corpo da criança
foi encontrado, despido e com a garganta cortada, em uma vala. Um homem que
passeava com o cachorro se deparou com a triste cena, a pouco mais de 12 km do local do sequestro, e
avisou às autoridades.
A
primeira reação ao crime, até hoje sem solução, foi a criação de um
abaixo-assinado, ideia dos pais da vítima – Donna Whitson e Richard Hagerman -
, endereçado ao legislativo do Texas, exigindo maior rigidez nas leis relacionadas
à proteção de crianças. Em termos nacionais, os resultados também apareceram. O
congressista Martin Frost redigiu, com a colaboração de Marc Klaas, a Lei de Proteção
à Criança Amber Hagerman e o presidente Bill Clinton sancionou o projeto de criação
do Cadastro Nacional de Criminosos Sexuais. Esta sanção presidencial impulsionou
outro abaixo-assinado. As reivindicações deste documento apelavam por leis mais
severas para os crimes sexuais. O destinatário era o então governador do Texas,
George W. Bush. As movimentações continuaram. Em um simpósio de mídia em
Arlington, Bruce Seybert expôs ao público os princípios do Alerta Amber, uma
novidade na busca por crianças desaparecidas.
O Alerta Amber é uma
rede de comunicação com base em ações entre os meios público e privado. As
autoridades e os veículos de comunicação, envolvendo emissoras de rádio,
televisão e internet, atuam em um processo de divulgação dos casos de crianças
desaparecidas. Os espaços públicos também são utilizados. Para o Alerta Amber
ser posto em prática devem ser
obedecidos alguns
critérios,variantes de uma região
para outra. Informações como a
veracidade do sequestro e o local em que ocorreu, além da descrição da criança
sequestrada e as características do sequestrador são essenciais para ativar o
sistema. Também são levados em conta a idade da vítima, deve ser menor de 18
anos, e o risco de morte que ela corre. Em 1997, Dallas foi a primeira cidade
americana a adotar o Alerta Amber. Anos depois, já em 2002, todos os 50 estados
do país já haviam abraçado o sistema.
O Alerta Amber , devido ao êxito que tem
conseguido na localização de crianças desaparecidas, – desde abril de 2015 até
agora, período considerado curto, 767 crianças foram localizadas pelo Alerta
Amber, segundo dados do National Center for Missing and Exploited Children - está sendo adotado em vários países, além dos
Estados Unidos. México, Holanda, Austrália, França, Canadá, Irlanda e o Reino
Unido são alguns deles. O Brasil, surpreendentemente, está de fora desta lista.
O Alerta Amber não foi adotado por aqui, mesmo diante dos 40.000
desaparecimentos de crianças por ano. Os apelos populares pela implantação do
sistema em território brasileiro existem, principalmente, por parte das famílias
de crianças e adolescentes
desaparecidos, mas os projetos não saem do papel. A lentidão, fruto da
burocracia, dificulta a integração entre o público e o privado,visando a localização de crianças
com paradeiro ignorado. O fato demonstra
que o país ainda engatinha, enquanto vários outros já correm em
disparada, na busca por suas crianças desaparecidas.
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