Em vídeo no qual o Presidente da República, Jair Bolsonaro assinava o decreto 10622, viabilizando a criação do Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas, publicado em 9/2/2021, a Ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, expôs as causas de desaparecimento infantil no país e destacou a possibilidade de que parte destes casos pode estar ligada à realização de rituais satânicos. Ela disse: "... a gente já ouviu falar muito em rituais. Agora a gente vai confirmar com o Ministério da Justiça.
A afirmação da Ministra Damares tem base em rumores que relacionam casos como os desaparecimentos de Leandro Bossi e Bruno Leal da Silva, além do sequestro de Fabíola Tormes à prática de rituais de magia negra. Os 2 primeiros casos citados estão sem solução até hoje. Ocorreram respectivamente em 1992 e 1999. O terceiro é recente. Aconteceu em dezembro de 2020 e foi encerrado rapidamente com êxito. Os sequestradores da criança foram presos e a menina resgatada do cativeiro, local sujo e com brinquedos que chamaram a atenção dos policiais, devido ao "aspecto macabro". Daí a possível associação com rituais.
Os processos investigativos não confirmaram os indícios que vinculavam os desaparecimentos à prática de rituais satânicos. As investigações sobre o desaparecimento de Leandro Bossi não encontraram provas suficientes. No caso de Bruno Leal da Silva, a justiça não considerou elementos que apontavam para esta direção. O juiz Emerson Mota rejeitou denúncia por homicídio culposo, já havia decretado a prisão temporária do suspeito e de mais 2 mulheres estrangeiras, alegando "ausência de prova da morte". A condenação do suspeito foi por posse ilegal de uma arma, apreendida na casa dele. Na ocorrência envolvendo a menina Fabíola, o delegado Fabio Pereira declarou que a motivação do crime foi pornografia infantil. A ligação com rituais satânicos foi oficialmente descartada.
Estes rumores ligados à magia negra são apenas boatos ou não vieram à tona devido a falhas nas investigações? Era possível que os investigadores se aprofundassem e obtivessem novas evidências, provando que as suposições eram, de fato, verdade? O questionamento é válido. A prova disto é que as investigações do desaparecimento de Bruno Leal da Silva foram reabertas, há 1 ano, pelo delegado Antônio Ractz Júnior. A foto do garoto em um centro espírita comandado pelo suspeito, um papel com o nome da criança escrito 7 vezes, junto a uma cruz de madeira, a imagem macabra enterrada no ponto da praia em que a bicicleta do menino desaparecido foi encontrada, a marca de tinta do pedal da bicicleta de Bruno em um amassado na lateral do carro do suspeito, assim como o sangue no porta-mala são pontos relevantes que devem ser incluídos nesta releitura do caso. As dificuldades ficam por conta da passagem do tempo. O desaparecimento já completou 21 anos, prescreveu em 2019. Caso o culpado seja encontrado ou até confesse o crime, não sofrerá punições.
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